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O dia em que percebi que tinha mais contatos do que conexões.

Mind Box - Edição #005

Muitos contatos, muitas conexões?

Estava organizando meu calendário anual quando resolvi ativar uma agenda que raramente deixo visível: a de aniversários. De repente, vi nomes de pessoas que nem lembrava.

Fui investigar e descobri que esses aniversários vieram do Google Contatos. Foi aí que levei um susto: mais de dois mil contatos salvos—com telefones, e-mails e datas de nascimento. Até aquela pizzaria que pedi em 2010 estava lá.

Isso me fez pensar: estamos realmente gerindo melhor nossas relações?

Quem está do outro lado?

A ilusão da conectividade


Lembra quando dar parabéns no Facebook era quase um ritual? O tempo passou, o número de felicitações caiu e, sejamos sinceros, quase ninguém mais entra lá (a não ser que tenha mais de 50 anos).

Talvez isso só mostre que nunca foi natural ter 4.000 contatos e fingir proximidade com todos. No fundo, sempre organizamos nossas relações em camadas: algumas pessoas importam mais, outras nem tanto.

O problema é que a tecnologia distorceu isso. Passamos horas discutindo com estranhos nas redes sociais, mas evitamos ligar para quem realmente importa porque… parece íntimo demais.

Diante disso, eu mesmo me pergunto e lanço a você este questionamento: você está feliz com a comunicação dos seus relacionamentos? Quem são as pessoas mais importantes da sua vida e como se comunica com elas? Com que frequência você fala com pai, mãe, irmãos, tios, primos? E aquele amigo ou amiga da escola, da faculdade que você não vê faz tempo?

Perceba, não estou propondo resgates familiares. Só faz sentido se comunicar se você realmente se importa com tais pessoas.

Algumas frases são comuns no nosso ano:

“Vamos ver se a gente marca alguma coisa?”

“Nossa, há quanto tempo a gente não se vê!”

“Passa lá em casa!”

Você passa mais tempo com quem você quer estar ou precisa estar?

Você faz Networking para tudo?

Pedi à inteligência artificial um conceito de networking, e ela respondeu:

Networking é a construção e manutenção de uma rede de contatos profissionais e pessoais com o objetivo de trocar informações, conhecimentos e oportunidades. Ele se baseia na criação de relacionamentos autênticos e estratégicos que podem gerar benefícios mútuos ao longo do tempo."

Nada de errado com isso. Pelo contrário, acho que todos deveriam investir em networking. O problema começa quando colocamos todas as nossas relações no mesmo balaio—misturamos amigos, família e colegas como se fossem apenas conexões estratégicas.

E sejamos sinceros: ninguém coloca a mãe no CRM.

CRM (Customer Relationship Management) é um sistema usado para gerenciar relacionamentos com clientes. Ele armazena informações, registra interações e até automatiza contatos. Empresas usam CRMs para fortalecer vínculos comerciais.

Mas a vida não é um funil de vendas. Você faz follow-up com o tio? Dá feedback para um amigo? Se começarmos a tratar toda relação como networking, corremos o risco de transformar nossas conexões humanas em meras estratégias de troca.

Netbeing: conexões que valem por si

Por isso, proponho um novo conceito: Netbeing—uma rede de contatos baseada no ser, e não no ter ou no fazer. Um espaço onde as conexões existem porque fazem sentido por si só, não apenas porque podem gerar oportunidades profissionais.

E sabe o que é curioso? Algumas ferramentas do networking podem ser úteis no Netbeing. Que mal há em configurar um alerta para lembrar de ligar para sua mãe? Meu baixo "I" no DISC (Influência) talvez precise disso.

Mas há um detalhe essencial: nem todas as relações cabem em uma planilha. Já entendemos que não faz sentido dar 4.000 parabéns por ano. Então, o que faz? Quais são as pessoas que realmente importam na sua vida? E como você tem se comunicado com elas?

Esse será o tema da próxima newsletter.

Nem Todo Vínculo é Amizade – E Tudo Bem

Há pessoas e pessoas em nova vida. O filósofo Michel de Montaigne já nos alertava em relação às amizades:

“Não se ponham no mesmo plano as amizades comuns; conheço-as tão bem quanto qualquer outro e algumas das mais perfeitas no gênero, mas seria um erro confundir-lhes as regras. Nessas outras amizades há sempre que segurar as rédeas e caminhar com prudência; o nó da união não é de tal solidez que não se deva desconfiar dele. “Amai”, dizia Quílon, “como se tivésseis um dia que odiar, odiai como se tivésseis de amar.”

Montaigne

Parece que as nuances entre as relações foram se perdendo na mesma velocidade em tornaram líquidas as próprias nomenclaturas que usamos uns para os outros. A maioria das pessoas diz não ter amigos, mas curiosamente não se ouve mais falar em colegas.

Com isso, não é necessário que todas as pessoas que não tem relação profissional se tornem íntimas da noite para o dia. Mas, talvez fosse interessante dar a atenção devida a cada tipo de pessoa de nossa rede.

Desafio "CRM Humano"

Se um CRM ajuda empresas a não perderem contato, que tal criar um CRM afetivo? Faça uma lista de 5 pessoas que você gostaria de manter contato mais frequente e defina uma frequência realista para falar com elas. Anote e acompanhe.

Mind Drop: Meu Download Mental Semanal

O que estou lendo: Elon Musk por Walter Isaacson

O que estou assistindo:  The Agency, série da Paramount.

O que estou ouvindo: Te Faço um Cafuné de Mariana Aydar

Frase da semana: "Estamos todos tão conectados que nos tornamos mais distantes uns dos outros." — Carl Jung

 

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